skip to main |
skip to sidebar
A SOLIDÃO DE UM ANJO
Jorge Linhaça
Ah, anjo, na pedra ensimesmado
em dolorosa e profunda solidão
dizer a verdade foi teu pecado
alertando aos homens em vão
Ah, anjo, não fiques desolado,
não se turve tanto teu coração,
dia virá, em que teus recados,
mostrarão quanto tinhas razão.
Segue , ó anjo, a tua jornada,
não te deixes assim abater,
a verdade por mais ocultada
Como o sol vai um dia nascer
as intensões serão reveladas
e o amor irá então vencer.
QUE ESCORRAM AS LÁGRIMAS
Jorge Linhaça
Que escorram as lágrimas de minha face
que se fechem os olhos ao sofrimento
que se voltem os rostos ao outro lado
que prevaleça a falsidade e o fingimento.
Que a cara lavada e a fala macia
da língua ladina cumpram o seu labor
que se fechem os néscios ouvidos
nas cantigas de paz embevecidos
que sufoquem pra sempre o amor.
SOB A LUZ DO LAMPIÃO
Jorge Linhaça
Vagueio pela noite, insone, solitário
sob a luz dos lampiões das avenidas
pensando na angústia de minha vida
fazendo do soneto o meu corolário
Sob a luz do lampião, esmaecida,
estanco e rememoro este meu fadário
as alegrias guardadas no relicário
as emoções a tanto tempo contidas
As sombras da rua minh'alma sombreiam
invade-me com força essa melancolia
a dor e a solidão já ora me desnorteiam
A luz do lampião é a minha companhia
as mariposas que ali borboleteiam
esperam comigo o raiar do novo dia
PALHAÇO DE MIM
Jorge Linhaça
Tira a máscara palhaço,
deixa a lágrima rolar,
Palhaço do peito de aço
caminha no teu cadafalso
nos lábios o gosto do mar.
Deixa rolar a tristeza
em gotas salobras na face
baixou o pano, certeza,
esquece a tua grandeza
tira da cara o disfarce
Chora palhaço o teu pranto
ninguém há de o perceber
pranteia só, no teu canto,
esconde de todos o espanto
d'o palhaço também sofrer